Para além dos fatores genéticos, o trato do tutor pode ampliar os anos de companheirismo
No dia a dia do médico veterinário é comum ouvir as seguintes perguntas: “… doutor é verdade que minha cachorrinha já é velhinha?”, “… doutor meu gatinho já tem nove anos, quanto tempo ele irá viver?”, “… doutor quanto tempo essa raça vive?”.
São perguntas freqüentes. Geralmente o senso comum das pessoas tende a comparar a expectativa de vida dos nossos amiguinhos com a nossa expectativa de vida. Com isso, muitos tutores ficam inconformados quando doenças relacionadas a velhice aparecem nesses companheiros. “… ele tem dez anos só doutor, como pode ter problemas de artrose e artrite?”, “… mas doutor, meu gatinho tem câncer tão novo, só treze anos”.
Para entender a relação do nosso tempo com a expectativa de vida que um outro ser vivo pode ter é preciso entender um pouquinho mais a biologia. Há diferentes expectativas de vida entre as espécies de seres vivos, umas com mais e outras com menos anos. Como exemplos extremos podemos citar a espécie de árvore, a sequoia-gigante americana, cujo representante mais velho tem mais de quatro mil anos de vida, ou, noutro extremo, a fêmea adulta de uma mariposa, que pode viver menos de 24 horas.
Essas diferenças estão relacionadas à evolução da espécie, à carga genética adquirida, às mudanças que as espécies podem sofrer ao longo do tempo, devido pressão da seleção natural, predadores, o acesso à comida, água, doenças, enfim, a ação do meio ambiente sobre uma determinada população.
Fases da vida de cães e gatos
Cães
Com cães foi feito um estudo, norte americano, realizado pela Associação Americana de Hospitais de Animais – AAHA, intitulado Canine Life Stage Guidelines, estabelecendo estágios. Nos caninos, as diferentes raças e tamanhos estão diretamente relacionadas à expectativa de vida, assim como o tempo que permanecem em cada fase. Um Pinscher, por exemplo, vive mais que um São Bernardo ou um Pastor Alemão. Assim o grupo de estudo propôs uma divisão, como abaixo.
Fases da vida canina
1º. Filhote: do nascimento até maturidade reprodutiva
2º. Júnior: Maturidade reprodutiva, ainda crescendo
3º. Adulto maduro: estruturalmente e socialmente
4º. Maduro: quando já atingiu 50 a 75% da expectativa de vida
5º. Sênior: quando já atingiu 75 a 100% da expectativa de vida
6º. Geriatra: quando já passou de 100% da expectativa de vida
Expectativa por porte canino
Raças pequenas: na faixa de nove a treze anos
Raças médias: na faixa de nove a onze anos
Raças grandes: na faixa de sete anos e meio a dez anos e meio
Raças gigantes: na faixa de seis a nove anos
Exemplo: um São Bernardo é uma raça gigante, pesa mais de 45 kg, a expectativa de vida média é de seis a seis anos e meio. Assim dos seis aos nove anos esse amigão estará na fase Geriatra – requerendo cuidados especiais.
E os nossos amigos felinos?
Eles ao contrário dos cães têm as fases da vida bem divididas e estabelecidas, também conforme estudo da Associação Americana de Hospitais de Animais – AAHA, intitulado Feline Life Stage Guidelines. Os especialistas estabeleceram parâmetros para os felinos, conforme as fases abaixo.
Fases e expectativa da vida felina
1º. Filhote: do nascimento aos seis meses
2º. Júnior: de sete meses a dois anos
3º. Adulto: de três a seis anos
4º. Maduro: de sete a dez anos
5º. Sênior: de onze a quatorze anos
6º. Geriatra: mais de quinze anos
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Além das fases da vida já pré-definidas pela genética, também há variação na expectativa de vida que dependerá de fatores ligados aos tutores, podendo aumentar a vida dos nossos amiguinhos.
- A prevenção da saúde, que incluí levar ao veterinário periodicamente para fazer os checkups e a vacinação,
- Evitar acesso à rua sem acompanhamento, diminuindo assim os riscos de atropelamentos, acidentes e contato com doenças infectocontagiosas – esse tópico é de extrema importância para os gatinhos, que buscam livre acesso à rua
- Alimentação boa e de qualidade – prevenção contra a obesidade
- Acesso a água limpa, e, higiene no ambiente
Estes fatores são essenciais para uma vida longa e tranquila. Com o avanço da medicina veterinária e da maior preocupação dos tutores com seus animais de estimação, é expressivo o número de pets vovozinhos na fase geriátrica visitando nossos consultórios.
Conhecer cada fase de vida dos nossos pets é muito importante, cada uma delas tem suas peculiaridades e, infelizmente, doenças predominantes. Além da idade genética, o prolongar do tempo em que nossos amiguinhos estarão conosco, assim como sua qualidade de vida, irá depender bastante dos nossos cuidados – da fase júnior até a fase geriátrica.
Converse com seu médico veterinário, leve seu amiguinho para consultas de rotina. Ele merece estar feliz, saudável, e, continuar curtindo a vida ao seu lado.
M.V Edimarco Pansani CRMV/SP 37651
Médico Veterinário e Biólogo